Existem riscos em tomar vitaminas por conta própria?

Existem riscos em tomar vitaminas por conta própria?

Dr. Paulo Lara
Dr. Paulo Lara
Vitaminas
19 Julho 2024
Existem riscos em tomar vitaminas por conta própria?

Consumir suplementos e vitaminas é algo que pode trazer uma série de benefícios — inclusive, sendo indicados para algumas pessoas em casos de ausência de minerais e nutrientes no corpo. No entanto, somente o ato de tomar vitaminas não é suficiente para evitar gripes e resfriados. Afinal, existem cuidados básicos que são bem mais eficazes contra doenças respiratórias.

Por exemplo, com a chegada do inverno e o aumento das doenças respiratórias, algumas pessoas passam a consumir por conta própria as vitaminas C e D na expectativa de evitar doenças. No entanto, é importante ressaltar que as doenças respiratórias podem ser evitadas com alguns cuidados, tais como permanecer em ambientes ventilados, manter a vacinação em dia contra a gripe e a Covid-19, e praticar uma boa higienização.

 

Quais os riscos em tomar vitaminas sem necessidade?

Embora a suplementação possa ser benéfica e seja indicada para alguns pacientes, é importante destacar que ela não evita gripes ou resfriados. A recomendação dos especialistas é procurar um médico para verificar se há deficiências nutricionais e, a partir dessa avaliação, indicar o suplemento mais adequado, prescrevendo-o de forma individualizada.

Além disso, os especialistas também recomendam a suplementação de vitaminas e minerais para pacientes portadores de algumas condições de saúde, como diabetes, osteopenia (perda gradual da massa óssea) ou osteoporose. Pacientes oncológicos e imunodeprimidos também podem se beneficiar da suplementação.

“São pacientes nos quais as vitaminas C e D podem, de certa forma, contribuir positivamente, quer seja no sentido de melhorar o seu sistema imunológico, como também melhorar a absorção do cálcio através da vitamina D e, consequentemente, evitar osteoporose, por exemplo”, diz Durval Ribas Filho, médico nutrólogo e endocrinologista e presidente da Associação Brasileira de Nutrologia (ABRAN).

Pacientes submetidos a certos tipos de cirurgia bariátrica, que envolvem a remoção da área de absorção intestinal, também podem necessitar de suplementação.

“Alguns pacientes não vão ter a capacidade absortiva de algumas vitaminas e minerais. Então, mesmo que a pessoa tenha uma dieta completa, ela pode precisar suplementar”, explica Celso Cukier, médico nutrólogo do Hospital Israelita Albert Einstein. “É o que também acontece em algumas doenças inflamatórias intestinais, como a doença de Crohn”.

 

Quando as vitaminas são necessárias?

Segundo especialistas, não há indicação de suplementação de rotina sem que haja deficiência de vitaminas e minerais detectadas por exames de sangue. Inclusive, Sueli Longo, nutricionista e presidente da Sociedade Brasileira de Alimentação e Nutrição, afirma que a suplementação de vitaminas e minerais não está relacionada às estações do ano.

Ou seja, a suplementação não irá prevenir doenças respiratórias se for utilizada de forma preventiva, nem será um tratamento adequado caso o paciente já esteja apresentando tosse, coriza e espirros:

“Ela é indicada quando o indivíduo não consegue ingerir a quantidade recomendada do nutriente por meio de sua matriz alimentar ou quando apresenta quadro de déficit do nutriente diagnosticado através de sintomas clínicos e confirmado por exames laboratoriais”. 

“Tomar suplementos nutricionais sem objetivo, simplesmente achando que vai ter uma melhora na performance física ou na prevenção de doenças é muita especulação e não deve ser feito de forma rotineira”, completa Cukier, nutrólogo do Einstein.

 

Boa alimentação e hábitos de vida

Cultivar uma alimentação equilibrada e diversificada pode fornecer todas as vitaminas necessárias em quantidades adequadas. “A vitamina C é um nutriente cujas fontes alimentares são abundantes em nosso país”, afirma Longo. Frutas como laranja, limão, mexerica e goiaba são ricos em vitamina C.

Por exemplo, 100 ml de suco de laranja Bahia contém 94,5 mg de vitamina C, corresponde à necessidade diária recomendada pelo Institute of Medicine (IOM).

Por outro lado, a vitamina D é um hormônio esteroide produzido quando a pele fica exposta ao sol. A dermatologista Ivonise Follador, da Sociedade Brasileira de Dermatologia, recomenda que pessoas saudáveis tomem sol nas pernas ou braços por pelo menos 15 minutos duas vezes por semana. No entanto, é importante evitar a exposição solar entre às 10h e 16h.

Já a orientação para aqueles que apresentam sintomas gripais é a mesma da pandemia: utilizar máscaras para evitar a disseminação dos vírus e, sempre que espirrar ou tossir, cobrir a boca e o nariz. Além disso, é essencial lavar as mãos com frequência, manter uma alimentação adequada e evitar ambientes fechados e com grande aglomeração de pessoas.

 

Riscos do consumo sem indicação

Quando falamos sobre vitaminas, é preciso ressaltar que elas são divididas em dois grupos: as lipossolúveis, como as vitaminas A, E, D e K, que são armazenadas no organismo, e as hidrossolúveis, como a vitamina C e as vitaminas do complexo B, que são eliminadas mais rapidamente. Para ambos os grupos, há riscos para a saúde quando estão presentes em excesso no organismo.

“A utilização exagerada de vitamina D pode causar sintomas de toxicidade no organismo, chegando a causar até quadros neurológicos, como sonolência, confusão e até depressão. O excesso de vitamina C pode causar cálculos renais, por exemplo. É também descrito na literatura médica que o uso de altas doses de vitamina A por longos períodos de tempo pode até estar relacionado com cirrose hepática. Então, a gente tem que tomar muito cuidado com o uso das vitaminas especialmente em altas doses e por tempo prolongado”, afirma Cukier.

“Se, após análises clínicas e laboratoriais, o médico prescrever a suplementação, geralmente é recomendado repetir o exame entre três e quatro meses depois para verificar os valores atualizados. “Irá depender da deficiência e de outros fatores, como a presença de doenças crônicas degenerativas, principalmente diabetes, que pode demandar períodos mais prolongados de suplementação”, complementa o Dr. Ribas Filho.

Fonte: Vida Saudável

 

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