Muitas pessoas desejam emagrecer rapidamente. E, para alcançarem esse objetivo, é comum investirem em dietas muito restritivas, nada saudáveis e difíceis de serem sustentadas por longos períodos. Com isso, elas perdem peso, mas logo abandonam a dieta e recuperam todos os quilos eliminados — e muitas vezes ganham até uns quilos a mais.
Chamado de efeito sanfona, esse sobe e desce dos dígitos da balança tende a acontecer inúmeras vezes ao longo da vida de pessoas que “vivem” fazendo dieta para emagrecer. A seguir, explicamos as principais causas dessa constante oscilação, os problemas que ela pode trazer para sua saúde e o que fazer para perder peso de forma saudável e conseguir manter-se magro.
O que gera o efeito sanfona?
Como falamos, o efeito sanfona quase sempre é decorrente da adoção de métodos para emagrecer difíceis de sustentar em longo prazo, como dietas extremante restritiva (que excluem grupos alimentares do cardápio) e a prática extenuante e autopunitiva de exercícios físicos — táticas nada saudáveis e que podem prejudicar a saúde física e mental.
Outro fator que favorece o efeito sanfona é que, conforme emagrecemos, nosso corpo “luta contra” isso e tenta preservar seu estoque de gordura (energia), pois ele é vital para os momentos de escassez de alimentos.
Assim, ocorrem diversas alterações em nosso organismo que direcionam ao reganho de peso. As mais importantes são o aumento da fome (dietas restritivas e o exercício também aumentam a fome e o consumo de energia); a redução do gasto de energia e o aumento da eficiência metabólica — ou seja, o corpo passa a queimar menos calorias para realizar suas funções, inclusive a atividade física.
Quais os problemas físicos trazidos pelo efeito sanfona?
O flutuar entre um estado de fartura e um estado de privação desequilibra a concentração de hormônios importantes para o controle neural do comportamento alimentar, como a insulina e a leptina. Com isso, o metabolismo fica mais lento e o apetite fica maior.
Além disso, toda vez que a pessoa emagrece, perde um pouco de gordura e um pouco de massa magra. Quando ela recupera o peso, se está sedentária, tende a ganhar mais massa gorda do que magra (músculos). Portanto, nas idas e vindas, a composição corporal piora ao longo do tempo, acumulando massa gorda e perdendo massa magra (importante para a saúde e longevidade).
Existem boas evidências de que o efeito sanfona, ou ciclagem de peso, tem efeitos nocivos à saúde. Estudos mostram, por exemplo, piora na distribuição da gordura corporal, com mais gordura prejudicial e menos gordura protetora. Isso pode causar aumento do estado inflamatório do organismo e maior risco de ter diabetes. Também há evidências de maior risco de mortalidade precoce em pacientes que ciclam peso. Emagrecer e engordar o tempo todo ainda pode gerar flacidez na pele.
Como o efeito sanfona impacta emocionalmente a pessoa?
Não conseguir manter-se magro pode gerar frustração, sensação de incapacidade, tristeza, ansiedade, e sintomas depressivos. O "perde e ganha" de peso constante ainda reduz a motivação da pessoa em manter uma alimentação saudável e um programa de exercícios físicos, fazendo com que adote hábitos prejudiciais à saúde, que favorecem o ganho de peso e o surgimento de doenças como diabetes, pressão alta, dislipidemia etc.
Como evitar o efeito sanfona?
É preciso fugir de tratamentos milagrosos, de dietas muito restritivas, da prática de exercícios físicos muito extenuantes e exercícios e de qualquer promessa de perda de peso rápida ou sem esforço. O emagrecimento deve acontecer de forma lenta, gradual e sustentada, com mudanças de hábitos que a pessoa conseguirá manter para a vida toda. Sobretudo para aqueles que estão muito acima do peso e têm dificuldades de emagrecer, esse processo é complexo e requer auxílio multiprofissional.
É imprescindível que haja uma reavaliação da relação da pessoa com o que ela come e também com seu corpo. Além da melhorar na alimentação, a manutenção do peso envolve fatores fisiológicos, ambientais e comportamentais que precisam ser considerados. O sono e o estresse, por exemplo, são aspectos do estilo de vida das pessoas que influenciam no controle do peso.
Fonte:Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e Síndrome Metabólica.