Quando se fala em álcool e sexo, muitas perguntas podem vir a cabeça: será que ingerir bebidas alcoólicas pode atrapalhar o desempenho sexual? Ou o consumo do álcool pode ter efeito relaxante e afrodisíaco, ajudando na performance? Afinal, será que o álcool aumenta a libido?
As respostas para essas perguntas têm a ver em como o álcool é processado no organismo e os efeitos que ele pode causar no momento da relação sexual.
Sabe-se que, apesar da sensação inicial de relaxamento, desinibição, autoconfiança e bem-estar causada após a ingestão de uma ou duas doses de bebidas alcoólicas, com o aumento da quantidade ingerida, a concentração alcoólica no sangue também aumenta e pode interferir no ato sexual, diminuindo a libido, piorando o desempenho sexual e podendo levar a comportamentos de risco.
Efeitos do consumo do álcool em homens
O consumo abusivo de álcool por homens aumenta as chances de disfunções sexuais, incluindo a diminuição do desejo sexual, os sofrimentos e dificuldades de relacionamento já associados ao consumo abusivo de álcool; outros problemas são: transtorno de aversão sexual, que leva o indivíduo a evitar qualquer contato sexual, dificuldade de ereção, que pode ocorrer de forma recorrente ou eventualmente; dificuldade em atingir o orgasmo após a excitação sexual, e a ejaculação precoce, além da impotência e outros problemas.
A insuficiência erétil episódica é bastante frequente em homens que consomem mais de três doses padrão de álcool por dia. Pesquisadores observaram que 61% dos pacientes dependentes de álcool relatam disfunção erétil, seguida de redução do desejo sexual.
Um estudo realizado com o objetivo de identificar evidências e estimar disfunções sexuais em pessoas de ambos os sexos com transtornos por uso de substâncias revelou a prevalência de disfunção sexual em 75% dos indivíduos que faziam consumo abusivo de álcool, principalmente a disfunção erétil. Além da disfunção erétil, o declínio na contagem de espermatozoides é outra preocupação masculina: cerca de 15% dos casais compostos por homem e mulher em todo o mundo sofrem com a infertilidade, ou seja, com a incapacidade de conceber mesmo após um ano de relações sexuais regulares e desprotegidas, e o homem é considerado a causa única desse problema em 2% dos casos.
Entre os fatores que podem levar a problemas de fertilidade em homens estão: sintomas testiculares, frequência e momento da relação sexual, além de comportamentos e estilo de vida, como a utilização de medicamentos, consumo de suplementos de fortalecimento muscular ou testosterona exógena, lesões e doenças anteriores, histórico familiar e consumo abusivo de álcool e outras substâncias.
Pesquisas mostram que o uso de álcool, tabaco e outras substâncias, assim como o estresse, obesidade e sono insuficiente são fatores de risco potenciais para a qualidade do sêmen. Assim, identificou-se que beber cinco doses de bebida alcoólica por semana é suficiente para afetar a concentração de esperma, a contagem total de esperma e a proporção de esperma com morfologia normal. Os efeitos foram consideravelmente mais graves em pessoas que consumiam mais de 25 doses por semana.
Um outro estudo comparou dois grupos de pessoas, bebedores pesados e não bebedores, e identificou que a média da contagem de espermas, motilidade total, vitalidade espermática, integridade funcional da membrana e espermatozoides morfologicamente normais foram significativamente menores nas pessoas que bebiam em relação às que não ingeriam bebidas alcoólicas. Além disso, observou-se que o consumo regular de bebidas alcoólicas reduziu o volume de sêmen e a concentração de esperma.
Efeitos do consumo do álcool em mulheres
O abuso de álcool é um problema significativo para as mulheres. Embora a bebida alcoólica aumente a excitação sexual e a sensação de liberdade, pode haver certa diminuição fisiológica da excitação genital, e algumas chegam a relatar dificuldade em atingir o orgasmo e diminuição da lubrificação vaginal.
Um estudo procurou identificar o impacto do consumo de bebidas alcoólicas na disfunção sexual feminina a partir da análise de sete artigos sobre o tema, envolvendo uma amostra de mais de 50 mil mulheres. A partir de então, os pesquisadores observaram que o consumo do álcool aumenta em 74% a probabilidade de disfunção sexual entre as mulheres, destacando a necessidade de políticas públicas para aumentar a conscientização sobre os efeitos nocivos do álcool na função sexual feminina e seu impacto na reprodução da população.
Por fim, estudos também apontam que o consumo excessivo e frequente de álcool por mulheres tem sido considerado preditores de menor probabilidade de concepção, sugerindo que mesmo os níveis mais baixos de consumo de álcool podem diminuir a fertilidade feminina se consumidos durante intervalos fisiológicos críticos do ciclo menstrual.
Álcool e comportamento de risco no sexo
É importante reforçar que o consumo abusivo de álcool também é uma das principais causas para comportamentos de risco no sexo, como a prática do sexo desprotegido que pode levar a uma gravidez não planejada ou, ainda, a infecções sexualmente transmissíveis graves.
Fonte: Centro de Informações sobre Saúde e Álcool (CISA).